Visibilidade trans: entenda o que é ser transgênero

Visibilidade trans: entenda o que é ser uma pessoa transgênero e como superar os mitos sobre o assunto!

Desenrolla

Você já se imaginou transitando pela vida sem nunca, de fato, se sentir confortável ou em paz com o corpo que tem? Diferentemente de não se identificar com um estilo, cujo problema pode ser resolvido trocando de roupa e acessórios, a transgeneridade é a não-identificação com o gênero com o qual você nasce. Por isso é tão importante falarmos sobre visibilidade trans.

A transgeneridade é uma condição complexa e que pode ser a fonte de muitos conflitos internos para várias pessoas trans. Por isso, vale a pena dedicar um pouco do seu tempo para entender melhor o assunto e, talvez, até ajudar alguém conhecido — seja você mesmo, seja um amigo.

Vamos descobrir mais sobre visibilidade trans? Aproveite a leitura!

O que é uma pessoa transgênero?

Transgênero — ou apenas trans — é o adjetivo atribuído àquelas pessoas que não se identificam com o seu gênero biológico, ou seja, aquele com o qual nasceram. Diferentemente de uma pessoa agênero, por exemplo, que não desenvolve identificação com nenhum dos dois, o transgênero se sente com o gênero oposto daquele determinado pelos seus traços físicos e biológicos.

Na sociedade em que vivemos, existem algumas convenções sociais que são comumente aceitas, como a binaridade de gênero, por exemplo — masculino e feminino. Ao longo de muitos anos, as pessoas se limitaram a desempenhar o papel social determinado pelo seu sexo biológico: homem ou mulher.

Dessa maneira, se você nascesse com um pênis, você seria um homem. Mas, se viesse ao mundo com uma vagina, então, seria uma mulher. Esse gênero deveria ser sustentado por toda vida, principalmente, por meio das vestimentas e dos papéis sociais. Por exemplo:

  • homens são fortes, jogam futebol, consertam coisas, brincam de carrinhos e dirigem automóveis quando são adultos;

  • mulheres são frágeis e sensíveis, brincam de boneca, cuidam da casa e usam roupas delicadas, como vestidos e decotes.

Apesar de muitas pessoas se identificarem com seu gênero biológico e preferirem o papel social correspondente a ele (pessoas cisgêneros), muitas outras, simplesmente, não se encaixam nisso. Parte delas apenas não quer “agir como menino” ou “agir como menina”. Outras tantas se sentem pertencentes ao gênero contrário nesse sistema binário.

Nesse caso, todos os traços físicos de um corpo biológico podem incomodar profundamente a pessoa, fazendo com que ela busque tratamentos e cirurgias para se sentir em paz com a sua aparência física. Assim, os procedimentos hormonais e os implantes se fazem muito importantes.

Graças aos avanços da ciência e da medicina, já é possível fazer a transição de gênero, incluindo uma redesignação sexual para ter um órgão correspondente ao gênero com o qual cada indivíduo se identifica.

O que são pessoas travestis?

Uma pessoa travesti também não se identifica com o gênero biológico e, por isso, adota vestimentas e comportamentos do gênero oposto. Assim, um indivíduo que nasceu homem pode desenvolver trejeitos e usar roupas femininas para se parecer com uma mulher. Do mesmo modo, uma mulher biológica pode adotar comportamentos e um estilo masculino.

O que difere os travestis dos transexuais é, principalmente, a ausência da necessidade da redesignação sexual. Apesar de gostarem de se parecer com o gênero oposto, essas pessoas não precisam, necessariamente, mudar o seu órgão sexual.

O que são pessoas não-binárias?

Pessoas não-binárias são aquelas que não se encaixam nesse sistema de “homem ou mulher”. Para esses indivíduos, a sexualidade é um espectro pelo qual é possível fluir livremente, sem precisar adotar o papel de um gênero.

Nesse caso, a não-binaridade pode se manifestar de várias formas:

  • agêneros — ausência total de gênero;

  • andrógine — traços tanto masculinos quanto femininos;

  • neutrois — gênero neutro, nem feminino, nem masculino;

  • bigênero — presença e identificação com os dois gêneros;

  • poligênero — identificação de gênero plural ou múltiplo;

  • gênero fluído — indivíduo capaz de transitar entre os gêneros.

Quais são os mitos sobre a transgeneridade?

Existem muitos mitos acerca desse tema, mas alguns são particularmente importantes para entender os desafios e preconceitos enfrentados por uma pessoa trans. Confira!

“As pessoas são influenciadas a mudar de sexo”

Na realidade, a transexualidade não é uma mudança de sexo. Ela é uma adequação do corpo físico e biológico ao gênero da pessoa.

Então, ninguém pode ser influenciado nesse sentido. Pelo contrário, um indivíduo que nasce em um corpo masculino, mas é uma mulher, é possivelmente influenciado a desempenhar o papel de um homem, mesmo não sendo um.

“Os transgêneros são gays e lésbicas tentando parecer heterossexuais”

A identidade de gênero não tem absolutamente nada a ver com a orientação sexual de um indivíduo. Suponha, por exemplo, que uma pessoa desempenhou durante toda sua vida o papel de uma mulher cisgênero heterossexual, apesar de nunca ter ficado confortável com isso. Até que um dia descobriu a transgeneridade e decidiu fazer a sua transição.

Depois de passar pela sua adequação de gênero, esse homem — agora trans — continuou se sentindo atraído por outros homens. Por isso, assume a orientação de homossexual.

Perceba que, apesar de ter adequado seu gênero, esse indivíduo não deixou de se sentir atraído por homens para se sentir atraído por mulheres, apenas porque passou pela transição. Existe, inclusive, uma frase bastante esclarecedora sobre o assunto:

“Orientação sexual se trata de com quem você quer ir para a cama, identidade de gênero é como você quer ir para a cama”.

“Ninguém se torna homem ou mulher apenas por mutilar suas genitais”

A verdade é que pessoas trans não se tornam homem ou mulher. Eles já são. A única mudança efetiva é que a sua identidade de gênero não corresponde ao corpo biológico com o qual nasceram e isso gera um enorme desconforto.

Experimente fazer um exercício: se você se identifica como homem ou como mulher, imagine que um belo dia você acorda em um corpo do sexo oposto. Agora, pelo resto da sua vida, você vai ter que adequar seus hábitos, comportamentos e o próprio sentimento de se sentir algo com o que o seu corpo não parece para corresponder às expectativas sociais.

Isso pode ser motivo de um sofrimento psíquico intenso. Portanto, não se trata de “mudar de gênero”, mas de fazer com que o seu corpo pareça como você se sente.

Como você viu, a visibilidade trans está imersa em muitos preconceitos, mitos e crendices. Tudo isso, misturado ao ódio e à intolerância das pessoas, resulta em um risco inerente à vida de milhares de indivíduos transgêneros. Por isso, é muito importante falar sobre o assunto e elucidar as principais questões envolvendo essa adequação de gênero.

É importante que as pessoas compreendam que isso não é uma forma de rebeldia, promiscuidade e afronte, mas sim, de bem-estar e identificação com aquilo se é, com a forma como cada um se sente.

Aproveite que você está aqui no blog e faça um quiz com a gente: quem é você na hora do sexo? Bora descobrir?

Explore mais conteúdos

Os últimos conteúdos que podem te interessar

Desenrolla